A Kröner Arquitetos explica porque fazer o investimento em BIM em tempos de crise econômica
Anderson Zanutto, arquiteto e BIM Manager formado pelo International Master BIM Manager fala em entrevista como o investimento em BIM, o conhecimento técnico de suas ferramentas e a filosofia colaborativa impactaram a Kröner Arquitetos.
Como e quando iniciou-se o processo de implementação do BIM na empresa?
Nós, da Kröner Arquitetos já víamos movimentação no mercado sobre BIM antes de 2010, neste período acompanhamos diversos casos de tentativas de implantação do BIM em escritórios de arquitetura, alguns casos de sucesso e outros de fracasso. Em 2015 adquirimos uma licença de software BIM para arquitetura afim de explorar suas possibilidades, o que nos ajudou a ter uma visão macro do BIM, e entendendo que as possibilidades eram muitas e seria impossível explora-las por completo sem uma ajuda profissional. A decisão de implementar o BIM no escritório veio junto com a crise, em 2015.
A Kröner fez o investimento em BIM em tempos de crise econômica, por quê?
Na época vimos que o mercado estava retraindo rapidamente e achamos que seria um bom momento para investir em inovação e capacitação profissional, acreditamos que o processo BIM se tornaria um novo modelo de trabalho e que após a crise boa parte das empresas estariam implantando o mesmo. Assim, decidimos fazer o investimento em BIM em tempos de crise econômica.
Pesquisamos qual a melhor forma de fazer e decidimos que um de nós três ficaria responsável pela implementação, investindo na formação para posterior disseminação do conteúdo. Assim optamos pela formação do sócio Anderson Zanutto em BIM Manager. O processo de implantação passou a ocorrer 6 meses após início do curso. Por isso, a empresa vem gradativamente investindo em softwares e renovando as estações de trabalho tendo como meta utilizar o BIM em 100% de seus projetos no primeiro semestre de 2018.
Como o International Master BIM Manager influenciou neste processo?
O Master trouxe um entendimento claro sobre o BIM, como muitos tínhamos a ideia de que o BIM é uma tecnologia e depende de um software. Claro que a ferramenta é uma peça muito importante, mas utiliza-la sem o entendimento e as mudanças necessárias nos processos internos e externos seria um tiro no pé, mais uma experiência frustrada de implementação BIM.
Foram utilizados conteúdos do Master como base desta implementação?
A base do Plano de Implementação BIM que utilizamos no escritório hoje, foi um dos trabalhos do Master. Os trabalhos práticos serviram como laboratório para um desenho de procedimentos de modelagem. Em diversos momentos ainda revisito o conteúdo para o desenvolvimento da implementação.
Qual foi seu papel? Suas responsabilidades?
As inovações trouxeram mais atribuições, continuo atuando na concepção e desenvolvimento de arquitetura, assumi também o papel de BIM Manager no escritório, tenho a responsabilidade de criar os treinamentos da equipe, desenvolver processos BIM, desenhar fluxos de trabalho, dar suporte ao desenvolvimento dos modelos, verificar os requisitos de troca de informação, requisitos de validação dos modelos entre outros.
Quais dificuldades encontradas? Parte da sua equipe já conhecia o BIM e suas ferramentas?
A equipe não tinha conhecimento sobre BIM e alguns possuíam cursos básicos de softwares. Assim, a grande dificuldade era ter o entendimento que saber modelar uma parede não significa ser BIM. Dessa maneira, a informação é tão importante, ou mais, que o modelo tridimensional, pois junto com ela vem processos organizacionais e até semânticos para que a equipe fale uma mesma linguagem em um projeto, isso se torna ainda mais evidente quando temos 7 pessoas trabalhando em um mesmo modelo.
Na época que decidimos a implementação não havia uma demanda de projeto, então ela tinha um cronograma mais prolongado. A primeira meta é a implementação da ferramenta com o objetivo de automatizar extração de desenhos e quantitativos de objetos. O projeto piloto escolhido foi um projeto de um edifício residencial de pequeno porte. É uma tipologia que o escritório tem grande domínio, pequena dimensão e não iria demandar uma grande equipe para o desenvolvimento. Os resultados foram surpreendentes e nos deu coragem de continuar com o processo em outros projetos adotando uma linha de evolução de processos e resultados a cada projeto novo.
Quais foram os benefícios imediatos do BIM? E ao longo prazo?
De imediato vemos ganhos de produtividade, consistência de informações e novas oportunidades de negócios. A qualidade de projeto sempre foi algo muito estimado dentro do escritório, vemos que os novos processos e a tecnologia virá para dar suporte a essa qualidade, mais tempo e recursos a criatividade da arquitetura.
Quais softwares BIM vocês utilizam?
Hoje utilizamos o Autodesk Revit no desenvolvimento dos projetos e estamos implementando o Navisworks para compatibilização. Estamos estudando softwares para renderização de imagens.
Foram desenvolvidos documentos padrões? BIP? BEP? Livro de Estilo? Guias ou manuais?
Temos um Manual em desenvolvimento conforme a demanda interna um modelo de BEP. Além disso temos alguns roteiros e checklists. Esse é um trabalho continuo de criar e fazer manutenção, por ser uma metodologia nova estamos sempre realizando testes, avaliando e validando as soluções.
A metodologia prática do International Master BIM Manager colaborou para a aplicação dos conhecimentos nos projetos reais?
Sem dúvidas, principalmente se tratando da dinâmica em equipe. Funcionou como um laboratório, onde todo o aprendizado era utilizado como uma reflexão da sua aplicação no mercado.
Durante o Master você já pode aplicar os conhecimentos adquiridos nos conteúdos/estudos?
Após seis meses do início do curso demos o passo no projeto piloto.
Atualmente qual é o nível da aplicação do BIM na Kröner?
Hoje estamos em um nível intermediário no geral, os treinamentos semanais têm servido para nivelar o conhecimento, toda a esquipe opera no sistema e atingimos a meta de automação da extração de documentos e quantitativos, visualização tridimensional e gestão da informação de projeto. Estamos seguindo com as atividades de compatibilização interdisciplinar e vemos possibilidade de implementar a ferramenta a partir dos estudos de viabilidade de empreendimentos.
Hoje, quantos projetos já estão desenvolvidos em BIM? Em áreas, aproximadamente, quantos m²? Quantas pessoas na equipe da Kröner têm conhecimento em BIM?
Todos os arquitetos e estagiários atuam em ferramenta BIM, que é o foco no momento. Mas é importante entender que não estamos implementando um software, mas um processo de projeto baseado em modelos que tem como objetivo a construção.
A dinâmica dos processos BIM tem sido abordada, mas leva um tempo até que todo o conhecimento seja passado e assimilado, o escritório tem 24 anos nos qual vinha desenhando e aplicando um processo de trabalho. O BIM começou a pouco mais de um ano aqui e todo passo tem sido dado com cuidado, é muita responsabilidade lidar com uma história tão grande.
Temos em desenvolvimento no momento 10 projetos em BIM, aproximadamente 25.000,00 m². Temos alguns projetos já contratados e outros em prospecção.
Hoje, a Kröner Arquitetos contrata pessoas com habilidades e conhecimentos em BIM?
Estamos buscando profissionais com esse perfil, mas ainda há poucos no mercado. Muitos confundem um conhecimento básico de ferramenta com BIM
Nota-se um retorno do mercado?
Vimos o mercado parado nesses últimos anos, poucos lançamentos de empreendimentos e baixa demanda de projetos. Estamos vendo uma retomada, aumentou o pedido de propostas comerciais, algumas já em BIM.
Você antes e depois do Master?
O Master foi uma oportunidade de aprofundar conhecimento em BIM, ter em um único curso não apenas conhecimento, mas os caminhos para se obter esse conhecimento através dos materiais e do corpo docente foi muito importante. As mudanças não estão só em mim, mas se refletem no escritório. Estamos mais atentos e flexíveis às mudanças de paradigmas, ganhamos confiança e coragem para inovar.
Projetos:
Concept Caieiras – Projeto Piloto
Residências – Casa Piracicaba (EP), Avaré (EP)
Wework – Torre Norte 1 e 2, TAB, Urca, Consolação
Outback – Itaquera, Interlagos, Outlet Premium, Center Norte, Bangu, Centervale, Sorocaba, Tatuapé.
Cite importância de uma formação especializada e avançada neste tema.
A especialização em qualquer seguimento é uma tendência. Não seria diferente na construção. Ao longo dos anos vemos especializações por disciplinas, tipologias e até etapas do processo de projeto. A figura de coordenador surgiu quando a complexidade da construção aumentou, surgindo mais disciplinas de projeto específicas, como acústica, segurança, acessibilidade. São muitos colaboradores e era necessário que o processo fosse orquestrado.
Com o BIM não tem sido diferente, os processos se tornam mais complexos e necessitam de uma formação avançada.
Assista ao vídeo com a BIM: Investir para Crescer por Anderson Zanutto, da Kröner Arquitetos:
https://www.youtube.com/watch?v=YkxlBJL59Dw