Blog / BIM & Construction Management
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O artigo apresenta uma introdução ao tema de BIM com Gerenciamento de facilities, apresentando benefícios e esclarecendo itens fundamentais para essa sinergia. Como principal tema abordado, a continuidade da informação ao longo do ciclo de vida da edificação é compreendida como item fundamental para o bom uso do modelo na fase de operação. O ganho nessa sinergia é visto especialmente na relação do usuário final com a própria edificação, garantindo fácil acesso aos dados necessários para exercer suas atividades principais.
Building Information Modelling (BIM) ou Modelagem da Informação da Construção é uma metodologia de trabalho que influencia diretamente nos principais pilares de uma organização: pessoas, política, processo, tecnologia e dados. O que esses pilares possuem em comum é a importância do uso correto das informações ao longo do processo do ciclo de vida da edificação, desde o planejamento até a demolição. Dessa forma, o BIM pode ser visto como um grande banco de dados em forma de modelo 3D geométrico que auxilia na obtenção de projetos de melhor qualidade, em menor tempo e custo. Dentre os principais benefícios do BIM, destacam-se: (i) Colaboração entre múltiplas disciplinas; (ii) Verificação facilitada das intenções de projeto; (iii) Reação rápida aos problemas da construção; e (iv) Suporte ao gerenciamento das edificações.
De modo geral, as edificações possuem um ciclo de vida segmentado nas seguintes fases: Planejamento, Concepção, Construção, Instalação, Ocupação, Operação, Manutenção, Revitalização, Desmonte e Demolição. A implantação do BIM no início do ciclo auxilia no processo de projeto e na colaboração, o que torna o BIM um componente fundamental na continuidade da informação. A Figura 01 apresenta o caminho das informações associadas às fases do ciclo de vida, com o objetivo de mitigar a perda de informação durante a transição das fases. Figura 01 – Fluxo da informação. Fonte: Mota, 2017 A fase operação, por ser a mais longa, é a mais onerosa em relação às outras fases. A vantagem do uso de um modelo BIM nesse momento é o fácil acesso à informações específicas, de forma rápida e eficiente, para serem usadas no gerenciamento e operação da edificação.
O Gerenciamento de facilities (FM) é uma atividade que engloba múltiplas disciplinas que garantem a funcionalidade de uma edificação, integrando pessoas, ambiente, processos e tecnologia. Tem o objetivo de garantir que o ambiente de trabalho não impeça a produtividade da atividade principal e nem dos trabalhadores. Dentre os principais benefícios do FM, destacam-se: (i) Integração dos diferentes processos de serviços em toda a edificação; (ii) Vínculo dentro da edificação em nível estratégico, tático e operacional; e (iii) Comunicação consistente entre o gestor e os usuários.
Existem diversas maneiras pelas quais o BIM pode ser utilizado para melhorar os processos de gerenciamento de facilities: (i) Facilidade de acesso aos dados em tempo real; (ii) Verificação da manutenção; (iii) Gestão de ativos (Figura 02); (iv) Gestão de espaços; e (v) Controle e monitoramento de energia (Figura 03). Figura 02 – Uso do modelo para gestão de ativos. Fonte: Mota, 2017 Figura 03 – Uso do modelo para controle e monitoramento de energia. Fonte: Machado, 2018 Contudo, é importante ressaltar que essas informações necessárias para a gestão desses processos devem estar inseridas no modelo BIM. Deve ficar claro quais informações são solicitadas, de quem é a responsabilidade de inserir as informações e qual o momento adequado da inserção dessas informações.
Uma vez compreendida a importância da inserção correta da informação, é possível fazer uma relação entre as principais fases do ciclo de vida da edificação com o nível de informação associado no modelo BIM para uso em FM. Na etapa de concepção, por exemplo, a necessidade de informações gráficas é alta e a quantidade de informações atribuídas é baixa. Esse fenômeno é justificado com a necessidade de visualizar formas, espaços e objetos, durante a concepção do projeto. Com o decorrer do processo, são inseridas informações adicionais necessárias sobre materiais, ambientes e equipamentos para auxiliar na execução da obra. Para a etapa de construção, mais informações e detalhes são necessários, como estimativa de custo, aquisição, coordenação, processos construtivos e instalações. Finalmente, após a construção, a instalação e os testes dos sistemas e equipamentos, as últimas informações podem ser inseridas no modelo BIM e disponibilizadas no sistema de gerenciamento.
Este artigo preocupou-se em apresentar duas metodologias de gestão, BIM e Gestão de facilities, que podem ser associadas para um maior ganho entre os agentes envolvidos. É possível perceber que a sinergia do BIM com o Gerenciamento de facilities está diretamente associada à qualidade da informação compartilhada ao longo do ciclo de vida. Isso reflete em um alto valor agregado da edificação, redução custo de operação, qualidade do projeto e fácil acesso à informação.
MOTA, Paula Pontes. Modelo BIM para gestão de ativos. 2017. 1 recurso online (123 p.). Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Campinas, SP. Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/331068>. Acesso em: 29 mar. 2021.
MACHADO, Fernanda Almeida. BIM e Internet das Coisas para o monitoramento do consumo de energia da edificação. 2018. 1 recurso online (208 p.). Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Campinas, SP. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/334629. Acesso em: 29 mar. 2021.
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